Senhor do meu amor, de quem, em vassalagem,
Uniu firme o teu mérito ao meu dever,
A ti envio este pedido por escrito,
Em testemunho do dever, não do meu talento;
Dever tão grande, cujo talento tão pobre quanto o meu
Parece destituído de palavras para expressá-lo,
Mas que espero que o teu bom conceito
Em teu âmago, todo despido, lhe trará;
Até que uma estrela que guie o meu gesto
Aponte-me graciosamente com a sua beleza,
E vista o meu amor maltrapilho,
Para mostrar-me merecedor de teu doce respeito.
Então, que eu ouse me gabar do amor que sinto;
Até lá, me guardarei para que não me desafies.


Lord of my love, to whom in vassalage
Thy merit hath my duty strongly knit,
To thee I send this written embassage,
To witness duty, not to show my wit:
Duty so great, which wit so poor as mine
May make seem bare, in wanting words to show it,
But that I hope some good conceit of thine
In thy soul’s thought, all naked, will bestow it;
Till whatsoever star that guides my moving
Points on me graciously with fair aspect
And puts apparel on my tatter’d loving,
To show me worthy of thy sweet respect:
Then may I dare to boast how I do love thee;
Till then not show my head where thou mayst prove me.