Se meu caro amor fosse um filho natural,
Poderia, bastardo da Fortuna, não ter um pai,
Sujeito ao amor ou o ódio do Tempo,
Arrebanhado entre as flores ou ervas.
Não, ele foi concebido longe do acaso;
Não sofre com as alegres pompas, nem cai
Sob o golpe de servos descontentes,
Em que o tempo certo clama para si.
Não teme a política, esse herético,
Que trabalha à custa de meios expedientes,
Mas por si só permanece altamente político,
Sem crescer no calor, nem minguar com a chuva.
A isso, como testemunha, clamo os tolos do Tempo,
Que morrem pela bondade, quando vivem pelo crime.

 

If my dear love were but the child of state,
It might for Fortune’s bastard be unfather’d
As subject to Time’s love or to Time’s hate,
Weeds among weeds, or flowers with flowers gather’d.
No, it was builded far from accident;
It suffers not in smiling pomp, nor falls
Under the blow of thralled discontent,
Whereto the inviting time our fashion calls:
It fears not policy, that heretic,
Which works on leases of short-number’d hours,
But all alone stands hugely politic,
That it nor grows with heat nor drowns with showers.
To this I witness call the fools of time,
Which die for goodness, who have lived for crime.