Para mim, bela amiga, jamais serás velha,
 Pois assim como eras da primeira vez,
 Ainda me pareces bela. O frio de três invernos
 Ceifou das florestas o calor de três verões,
 Três belas primaveras amareleceram no outono,
 Eu vi, com o passar das estações,
 Três perfumes de abril arderam em três quentes junhos,
 Desde que te vi tão jovem ainda a preservar a juventude.
 Ah, embora a beleza, mão avara,
 Roube de sua imagem, e não perceba seu gesto;
 Então tua doce cor, que para mim ainda é fresca,
 Alterou-se, e meus olhos podem se enganar.
 Por medo de que, ouve bem, envelheças intacta:
 Desde que nasceste, morreu o verão da beleza.
To me, fair friend, you never can be old,
 For as you were when first your eye I eyed,
 Such seems your beauty still. Three winters cold
 Have from the forests shook three summers’ pride,
 Three beauteous springs to yellow autumn turn’d
 In process of the seasons have I seen,
 Three April perfumes in three hot Junes burn’d,
 Since first I saw you fresh, which yet are green.
 Ah, yet doth beauty, like a dial-hand,
 Steal from his figure and no pace perceived;
 So your sweet hue, which methinks still doth stand,
 Hath motion and mine eye may be deceived:
 For fear of which, hear this, thou age unbred;
 Ere you were born was beauty’s summer dead.
