Assim vivo, supondo-te verdadeira,
Como um marido traído; assim a face do amor
Parecerá amorosa, embora, diversa, se altere –
Voltando a mim os olhos, e o coração, à outra parte.
Pois em teus olhos não pode haver ódio,
Assim nisso não percebo a tua mudança.
De muitas formas a história do falso coração
Se escreve em estranhas alterações de humor;
Mas os céus, ao criar-te, decretaram
Que em teu rosto o doce amor sempre vivesse;
Teu olhar não expressaria senão a doçura
Que passasse por tua mente ou teu coração.
Tal a maçã de Eva, aumenta tua beleza,
Se tua doce virtude não te responder em vão!
So shall I live, supposing thou art true,
Like a deceived husband; so love’s face
May still seem love to me, though alter’d new;
Thy looks with me, thy heart in other place:
For there can live no hatred in thine eye,
Therefore in that I cannot know thy change.
In many’s looks the false heart’s history
Is writ in moods and frowns and wrinkles strange,
But heaven in thy creation did decree
That in thy face sweet love should ever dwell;
Whate’er thy thoughts or thy heart’s workings be,
Thy looks should nothing thence but sweetness tell.
How like Eve’s apple doth thy beauty grow,
If thy sweet virtue answer not thy show!