Teu amor e o pesar dão-me a impressão
Estampando o escândalo vulgar em meu cenho;
Que me importa quem me queira bem ou mal,
Senão tu, sobre meu bom ou mau alento?
Tu és todo o meu mundo, e devo esforçar-me
Para saber as más e boas opiniões que tens sobre mim;
Não há ninguém para mim, nem eu para mais ninguém,
Que meu duro sentido mude para o bem ou para o mal.
Num abismo assim profundo lanço tudo que me importa
Que os outros digam que meu senso viperino
Pela crítica e o elogio sejam impedidos.
Veja como dispenso com minha negligência:
Vives tão firme em meu propósito,
Que todos além de mim já feneceram.
 

 

Your love and pity doth the impression fill
Which vulgar scandal stamp’d upon my brow;
For what care I who calls me well or ill,
So you o’er-green my bad, my good allow?
You are my all the world, and I must strive
To know my shames and praises from your tongue:
None else to me, nor I to none alive,
That my steel’d sense or changes right or wrong.
In so profound abysm I throw all care
Of others’ voices, that my adder’s sense
To critic and to flatterer stopped are.
Mark how with my neglect I do dispense:
You are so strongly in my purpose bred
That all the world besides methinks are dead.