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Tradução da Sinopse das peças. Fonte: The Cambridge Shakespeare Guide

 

Ricardo II:

Diante do Rei Ricardo II, Bolingbroke, o Duque de Hereford, acusa o Duque de Norfolk, Tomás Mowbray, de ter matado o Duque de Gloucester. Mowbray nega, e Ricardo intervém para adiar o combate entre os dois. A Duquesa de Gloucester repreende o irmão, João de Gaunt, tio de Ricardo, por não protestar o assassinato do marido. Antes que ocorra o combate entre Bolingbroke e Mowbray, Ricardo manda banir os dois, por dez anos (reduzidos para seis) e por toda a vida, respectivamente. A partida de Bolingbroke é informada a Ricardo, que debocha, apoiado por seus seguidores Aumerle, Green, Bagot e Bushy. Moribundo, Gaunt expressa sua decepção com o comportamento perdulário do Rei e o declínio da Inglaterra: Ricardo não se arrepende e confisca as terras de Gaunt para pagar por uma expedição militar à Irlanda, deixando York, Edmundo de Langley, no comando assim que parte. Bolingbroke retorna à Inglaterra com um exército, mas convence York de que está apenas atrás de uma herança legítima. Quando Ricardo retorna da Irlanda, as tropas, inclusive de York, estão se bandeando para Bolingbroke, mas em uma negociação entre os dois adversários, Bolingbroke concorda em se render se lhe forem devolvidas suas propriedades. Contudo, o poder de Bolingbroke cresce quando manda executar Green e Bagot e prende Aumerle, entre outros, sob a acusação de terem assassinado Gloucester. A Rainha escuta um jardineiro comentar sobre a inevitável derrocada de Ricardo. Ricardo concorda em abdicar e, no Parlamento, publicamente entrega a coroa a Bolingbroke, que anuncia sua coroação, para desgosto do Bispo de Carlisle, que defende abertamente o direito divino dos reis e é posto na Torre por Northumberland por conta de suas dores. Ricardo se despede da Rainha ao ser levado para o cativeiro. Carlisle, Aumerle e Westminster tentam uma conspiração contra Bolingbroke, mas são descobertos por York, que entrega seu filho Aumerle para Bolingbroke, apesar das súplicas de sua esposa, a Duquesa de York. Bolingbroke, preocupado com o próprio filho indomável, perdoa Aumerle. Piers Exton vai até a prisão de Ricardo, onde ele, ao receber a visita de um antigo palafreneiro e do carcereiro do castelo de Pomfret, está ponderando seu destino, Exton, acreditando-se detentor do mandado de Bolingbroke, o mata: Ricardo se defende com bravura. Exton leva o corpo a Bolingbroke, que nega ter sido este seu desejo. Ele bane Exton e promete fazer uma peregrinação à Terra Santa para expiar seus pecados.

 

Henrique IV, Parte 1:

Rei Henrique IV abre a peça muito “abalado” pelas guerras civis (Ato 1, Cena I) e nunca de fato recobra sua compostura. Seu conselho inclui os leais Westmoreland e Blunt. Os dois filhos de Henrique, João de Lencastre e Henrique, Príncipe de Gales (Harry ou Hal) são polos opostos – um é leal e está sempre ao lado do pai, enquanto o outro falta com suas obrigações da corte e diverte-se com a companhia de Sir John Fastaff, um cavaleiro réprobo e gordo, os seguidores deste, Bardolfo, Peto e Ned Poins, e a dona da taverna, Mistress Quickly. Rei Henrique deseja que o bravo e cavalheiresco Sir Henrique Percy (Hotspur) fosse seu filho, em lugar do Príncipe Henrique, mas as queixas impetuosas de Hotspur contra o Rei o levam a unir-se a seu pai, Northumberland, seu tio Worcester, o sogro galês, Owen Glendower, o cunhado, Edmundo Mortimer, que reivindica ser o herdeiro por direito ao trono, e Douglas, um escocês. Eles planejam divir a Inglaterra depois da vitória contra Henrique, e, mais tarde, Scroop, Arcebispo de York, se une aos rebeldes. A esposa de Percy, Lady Percy, briga com o marido por tratá-la com negligência. Lady Mortimer fala apenas galês, embora seu relacionamento com Mortimer, o marido que só fala inglês, pareça afetuosa. Há sinais de que a delinquência do Príncipe Henrique não seja irreversível e que ele possa vir a rejeitar seus amigos desonrosos, mas não antes de um longo divertimento às custas de Falstaff, quando este conta uma história absurdamente exagerada sobre um assalto sofrido por ele, cometido pelo príncipe disfarçado. Após alguns encontros desgastantes com o pai reprovador, Príncipe Henrique termina lutando ao lado dele em Shrewsbury. A covardia e a venalidade de Falstaff se tornam muito claras no ambiente da batalha, onde, em vez de uma arma, carrega uma garrafa de vinho. Ele finge estar morto para evitar ser ferido. Príncipe Henrique defende o pai contra Douglas e depois luta com Hotspur em um combate individual, matando-o. Então lamenta e sofre pela morte de Falstaff, que, quando a barra está limpa, levanta-se, alegando ser o responsável pela derrota de Hotspur; o Príncipe não contesta essa versão dos acontecimentos. A peça termina com a facção do Rei triunfante, porém com mais batalhas à vista para derrotar os rebeldes.

 

Henrique IV, Parte 2:

O Rumor abre a peça com um relato enganoso sobre a Batalha de Shrewsbury; Lorde Bardolfo confirma, contando a Northumberland que os rebeldes derrotaram o Rei, que está gravemente ferido, e também que seu filho Hotspur teria matado o Príncipe Henrique. Duas outras testemunhas contradizem o relato. O Lorde Grande Juiz acusa Falstaff de um assalto na estrada (o episódio de Gadshill em Henrique IV – Parte 1) e desaprova sua conduta. Falstaff tenta arrancar verba para suas despesas. Os lordes rebeldes Mowbray, Hastings, o Arcebispo de York e Bardolfo discutem suas táticas. Na taverna, a estalajadeira Mistress Quickly acusa Falstaff, diante do Lorde Grande Juiz, de quebrar a promessa de que pagaria suas contas; Falstaff a induz a compadecer-se. Príncipe Henrique está preocupado com a saúde frágil do pai, mas confessa a Poins que ninguém acreditaria que ele está de fato aflito. Northumberland é convencido por Lady Percy, viúva de Hotspur, a não se unir à rebelião, e em vez disso foge para a Escócia. Disfarçado, Príncipe Henrique e Poins enganam Falstaff, que está jantando na taverna com o soldado fanfarrão Pistola, Mistress Quickly e Doll Tearsheet, mas o Príncipe é chamado a ver o pai, que está ansioso com a crise política. Falstaff vai para o interior de Warwickshire recrutar soldados e encontra velhos conhecidos, Juiz Shallow e Juiz Silêncio. As forças do Príncipe João fazem uma negociação com os rebeldes e chegam a um acordo, mas depois mandam prendê-los por traição. Na batalha, Falstaff leva Coleville como prisioneiro e o entrega a João. O Rei dorme ao receber a notícia da captura dos rebeldes, e Príncipe Henrique vigia-lhe o sono. Acreditando que o pai morreu, assume a coroa; o Rei acorda e, primeiro, reclama da ingratidão e insurreição do filho, antes de se reconciliarem. Rei Henrique aconselha o herdeiro sobre como fazer um bom reinado. O Lorde Grande Juiz anuncia a morte do rei; o Príncipe assume suas responsabilidades. Falstaff se vangloria para Shallow, dizendo que ele será exaltado pelo novo rei; na procissão de coroação, Henrique bane Falstaff, e o Lorde Grande Juiz o manda para a prisão, porém o epílogo promete seu retonro, juntamente com Henrique e a Princesa Katherine de França.

 

Henrique V:

Uma figura que representa um Coro convida a plateia a participar da reconstrução imaginativa da história que a peça tenta empreender, pontuando os atos com suas devidas descrições. O arcebispo de Canterbury e o Bispo de Ely conspiram para distrair o novo rei dos planos de cobrar impostos da Igreja encorajando-o a declarar guerra contra a França. Canterbury faz um longo discurso ao Rei Henrique afirmando que, sob a lei sálica, ele teria direito à França, quando um enviado do Delfim francês, desdenhoso, aludindo ao passado desordeiro de Henrique, confirma a disposição do Rei para a guerra. A notícia da morte de seu velho amigo Falstaff, quiçá por conta do desfavor do Rei, é dada no momento em que Pistola, juntamente com Bardolfo, Nym e Rapaz, se despede da esposa, sra. Nelly Lépida, a dona da taverna. Chegam notícias de uma conspiração por parte de Scroop, Gray e Cambridge: Henrique age de maneira decisiva e os condena, embora esteja abalado, em especial pela traição de Scroop, seu amigo. Na França, as forças de Henrique sitiam a cidade de Harfleur. O capitão galês, Llewellyn (também conhecido como Fluellen), o capitão irlandês, Macmorris, o capitão escocês, Jamy, e o capitão inglês, Gower, discutem em seus vários sotaques sobre as táticas militares. A princesa Katherine da França começa a aprender inglês com sua acompanhante, Alice. Os exércitos franceses e ingleses se preparam para lutar próximo a um castelo chamado Azincourt; Henrique repudia Montjoy, a oferta do arauto francês pelo resgate. Henrique passeia disfarçado entre seus homens e ouve seus medos e dúvidas a respeito da guerra. Discute com Williams, e os dois juram que vão lutar depois da batalha. A sós, ele expressa as tensões da liderança e reza para que Deus não o castigue por seu pai ter deposto o Rei Ricardo II. O acampamento francês, em contrapartida, está confiante. Durante a batalha, os franceses atacam os ingleses desprotegidos e, enfurecido, Henrique manda matar os prisioneiros. Pistola toma como prisioneiro o soldado francês Le Fer e busca uma recompensa. Os ingleses têm uma vitória decisiva e, por milagre, com pouquíssimas baixas, comparada à longa lista de nobres franceses assassinados. Henrique dedica a vitória a Deus. Ele engana Llewellyn para que confronte Williams em seu lugar, embora tudo acabe em festa; as tentativas de Pistola para intimidar Llewellyn são frustradas por Gower, que se levanta em defesa do galês. Exeter, Bedford, Warwick, Gloucester e os outros lordes negociam os termos do tratado de paz com o Rei da França, a Rainha e o Duque de Borgonha: Henrique faz a corte, em francês mal falado, a uma inicialmente relutante Katherine, e o anúncio do casamento dos dois marca o fim das hostilidades. O Epílogo lembra a todos que seu filho, Henrique VI, voltaria a perder a França mais uma vez.