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Ó, negligente Musa, que desculpas me darás
Por faltares com a verdade tingindo-a com a beleza?
Do belo e da verdade depende o meu amor;
E tu, também, para te tornares digna.
Responde, Musa: não me dirás, alegremente,
“A verdade não precisa de tom por ter sua própria cor,
Nem a verdade, de lápis para desenhá-la;
Mas o bom é o melhor, se jamais for corrompido?”–
Por ele não precisar de elogios, te entorpecerás?
Não desculpes o silêncio; por depender de ti
Para fazê-lo viver além da dourada tumba,
E ser aclamado longamente no porvir.
Assim, cumpre teu ofício, Musa; te ensinarei como
Fazê-lo parecer profundo então como se parece agora.

 

O truant Muse, what shall be thy amends
For thy neglect of truth in beauty dyed?
Both truth and beauty on my love depends;
So dost thou too, and therein dignified.
Make answer, Muse: wilt thou not haply say
‘Truth needs no colour, with his colour fix’d;
Beauty no pencil, beauty’s truth to lay;
But best is best, if never intermix’d?’
Because he needs no praise, wilt thou be dumb?
Excuse not silence so; for’t lies in thee
To make him much outlive a gilded tomb,
And to be praised of ages yet to be.
Then do thy office, Muse; I teach thee how
To make him seem long hence as he shows now.