Toda vez, quando tu, minha música, tocas
O abençoado cravo que emite os sons
Com o movimento de teus dedos, quando, doce,
Tanges as cordas que confundem meus ouvidos,
Invejo essas teclas, que, ágeis, saltam
Para beijar a suave concavidade de tuas mãos,
Enquanto meus pobres lábios, que deveriam beijá-las,
Permanecem impávidos e corados, junto ao cravo.
Ao serem acariciados mudariam de condição
E de posição com as teclas dançarinas
Sobre as quais teus dedos caminham alegres,
Tornando a madeira morta mais viva do que os lábios.
Como as teclas saltitantes que tocam felizes,
Dá-lhes teus dedos, e teus lábios, a mim.

 

How oft, when thou, my music, music play’st,
Upon that blessed wood whose motion sounds
With thy sweet fingers, when thou gently sway’st
The wiry concord that mine ear confounds,
Do I envy those jacks that nimble leap
To kiss the tender inward of thy hand,
Whilst my poor lips, which should that harvest reap,
At the wood’s boldness by thee blushing stand!
To be so tickled, they would change their state
And situation with those dancing chips,
O’er whom thy fingers walk with gentle gait,
Making dead wood more blest than living lips.
Since saucy jacks so happy are in this,
Give them thy fingers, me thy lips to kiss.