Musa, onde estás, que há tanto tempo te esqueces
De dizer aquilo que te dá todo o teu poder?
Usaste teu furor em uma canção espúria,
Reduzindo a força para emprestar-lhes tua luz?
Volta, esquecida Musa, e redime logo
Em doces horas o tempo inutilmente despendido;
Canta para os ouvidos de quem te estima,
E dá, à tua pluma, talento e voz.
Levanta, leve Musa, vê na suave face do meu amor
Se o Tempo a marcou com alguma ruga:
Se há, ri da decadência,
E despreza os despojos do Tempo por toda a parte.
Dá a meu amor fama mais rápido do que o Tempo gasta a vida;
Para que, de sua foice, me afastes a encurvada lâmina.
Where art thou, Muse, that thou forget’st so long
To speak of that which gives thee all thy might?
Spend’st thou thy fury on some worthless song,
Darkening thy power to lend base subjects light?
Return, forgetful Muse, and straight redeem
In gentle numbers time so idly spent;
Sing to the ear that doth thy lays esteem
And gives thy pen both skill and argument.
Rise, resty Muse, my love’s sweet face survey,
If Time have any wrinkle graven there;
If any, be a satire to decay,
And make Time’s spoils despised every where.
Give my love fame faster than Time wastes life;
So thou prevent’st his scythe and crooked knife.