Não sou como aquela Musa,
Movida ao seu verso pelo adorno,
Que o próprio céu usa como ornamento,
E o belo com seu alento se insinua,
Par a par, comparando-se, orgulhoso,
Ao sol e à lua, às ricas joias da terra e do mar,
Com as primeiras flores de abril, e tudo o que é raro
Que os céus abarcam sob a abóbada imensa.
Ah, deixa-me ser fiel ao amor e à escrita,
E então, creia, meu amor é tão puro
Como de uma criança, embora menos luzidio
Que as fixas flamas douradas no manto celestial.
Deixa que digam mais do que tão bem ouvem;
Não louvarei senão o que eu puder defender.

 

So is it not with me as with that Muse
Stirr’d by a painted beauty to his verse,
Who heaven itself for ornament doth use
And every fair with his fair doth rehearse
Making a couplement of proud compare,
With sun and moon, with earth and sea’s rich gems,
With April’s first-born flowers, and all things rare
That heaven’s air in this huge rondure hems.
O’ let me, true in love, but truly write,
And then believe me, my love is as fair
As any mother’s child, though not so bright
As those gold candles fix’d in heaven’s air:
Let them say more than like of hearsay well;
I will not praise that purpose not to sell.